Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quarta-feira, 9 de maio de 2018

"José Saramago nas suas palavras" Publicado na Folha de São Paulo (Brasil) sobre o Acordo Ortográfico (29/11/2008)

"Em princípio, não me parecia necessário [o acordo ortográfico da língua portuguesa de 1990, adotado pelos países lusófonos em 2008, para sua entrada em vigor no ano seguinte]. De toda forma, continuaríamos a nos entender. O que me fez mudar de opinião foi a ideia de que, se o português quer ganhar influência no mundo, tem de adotar uma grafia única. Se Portugal tivesse 140 milhões de habitantes, provavelmente teríamos imposto ao Brasil a nossa grafia. Acontece que os 140 milhões estão no Brasil, e o Brasil tem mais presença internacional. Quando acabou o “ph”, não consta que tenha havido em Portugal uma revolução. Perderíamos muito com a ideia de que o português é só nosso, acabaria como o húngaro, que ninguém entende nada."

“A humanidade não merece a vida”
Folha de S.Paulo
São Paulo - Brasil
29 de novembro de 2008

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