Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

"Contra las armas, contra la guerra" - Texto do escritor colombiano Héctor Abad Faciolince

Um texto do escritor colombiano Héctor Abad Faciolince sobre o "Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas"


Via Facebook da Fundação José Saramago

Via página do autor, 

"A un verdadero escritor no lo calla ni la muerte, y menos a los portugueses -recuérdese a Pessoa, prácticamente inédito en vida-, que parecen seguir susurrándonos al oído incluso después de muertos. José Saramago dejó una novela incompleta, Alabardas, y de ella acaban de publicarse los primeros tres capítulos, los únicos que pudo terminar. Aun siendo una obra inacabada, el solo planteamiento anuncia que iba a ser una de sus grandes novelas alegóricas. El dilema que esboza es uno de los más hondos a los que el ser humano se enfrenta: ¿haremos lo que debemos hacer o solamente lo que nos conviene?
La última batalla de José Saramago no fue contra la enfermedad sino contra la industria de armamentos. El origen de un libro, muchas veces, es una idea vaga, una voz que pregunta: ¿por qué los obreros que fabrican bombas, cañones, metralletas, tanques, no hacen nunca huelga? ¿Por qué no se rebelan los empleados de las empresas de armamentos? ¿De dónde sacaron valor los obreros portugueses, que sabotearon algunas armas que se iban a usar para bombardear a los republicanos en la Guerra Civil Española?
Saramago es, sin duda, el arquetipo del escritor comprometido: hablaba, reflexionaba, escribía sobre los acontecimientos de nuestro tiempo. Cuando mejor lo hacía no nos propinaba un sermón laico, una perorata moralista, sino que usaba el arma preferida por cierto tipo de escritores excelsos -Chuang Tzu, La Fontaine, Voltaire-: el apólogo, la fábula, la alegoría. La idea, en este género literario, no se presenta de un modo teórico sino humano, traducida a una situación cotidiana. En el caso de Alabardas el dilema se plantea entre el deber (y el amor, pues la esposa del protagonista es pacifista y lo abandona por su complicidad con la industria de la muerte) y la conveniencia.
La primera impresión que tuve al terminar esas pocas decenas de páginas (87 en la generosa edición de Alfaguara) fue una gran punzada de tristeza. Esto podrá parecer extraño, pues este principio de novela no tiene para nada un estilo melancólico de despedida. Al contrario: la prosa es al mismo tiempo dura y juguetona, seca, rabiosa y divertida. Todo lo contrario de la tristeza. Pero la situación sí produce tristeza. Pesar por lo que la novela iba camino de ser: una gran historia de política y de amor que, de repente -por la edad y la sangre y la maldita muerte- no pudo terminarse. Pesar por lo que pudo haber sido y ya no será nunca.
Porque la gran incógnita es cómo iba a resolver Saramago el dilema planteado en las primeras páginas. Un libro inacabado es, más que ningún otro, una “obra abierta”. No sabemos cuál va a ser el comportamiento final del protagonista, Artur Paz Semedo, el contable de la empresa de armamentos Balona S.A. La pregunta que pesa sobre él, y sobre el desenlace del libro, es la misma que pesa sobre todos nosotros: cómo vamos a portarnos si la vida nos pone frente a una encrucijada moral que nos definirá como personas: ¿seremos valientes o cómplices, víctimas o verdugos?
Dos textos más acompañan los capítulos y las notas de trabajo de Alabardas. Uno erudito, y muy útil, de Fernando Gómez Aguilera, que enmarca la novela inacabada dentro de la obra completa de Saramago; otro, eficaz, de Roberto Saviano. Este último parece predecir para el protagonista un destino heroico. Por las notas, a mí, no me parece que ese fuera a ser el desenlace del libro. Creo que las huellas que don José nos dejó marcadas, señalan un camino distinto: hay algo oscuro y perverso en quienes se dedican a ese oficio cínico y lucrativo de vender armas. Según las páginas del libro la verdadera esperanza está en la mujer del protagonista, Felicia. Esta mujer con carácter -que de algún modo se me parece a Pilar del Río- será quien tal vez nos ayude a conseguir un mundo donde no haya guerras y donde quienes comercian con ellas no tengan que ser definidos con el adjetivo “despreciables”, sino con otro más manso y discreto: superfluos."


Haverá definição para "Filho"?




"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. 
Isto mesmo ! 
Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo correctamente e do medo de perder algo tão amado. 
Perder? 
Como? 
Não é nosso, recordam-se? 
Foi apenas um empréstimo!"

Ernest Lluch explica um ideal subjacente à "Jangada de Pedra"


"A Estátua e a Pedra"
Fundação  José Saramago
Pág, 27

(...) "A Jangada de Pedra", publicada em 1986, descreve a separação da Península Ibérica da Europa e a sua viagem mar adentro como se realmente fosse uma jangada, até se fixar entre a América do Sul e África. Este livro foi entendido de diversas maneiras, sobretudo negativas. Foi dito e mil vezes redito que era um livro contra a Europa que se estava a construir, como  se um mero romancista pudesse competir com factos económicos e políticos de semelhante dimensão, Penso que quem tenha lido o livro e tenha da trajectória política do autor uma opinião rudimentar, possa ter formado uma ideia equívoca sobre o que o livro narra. Mas alguém que não era crítico literário, o político catalão Ernest Lluch, desgraçadamente assassinado pela ETA, escreveu um artigo no qual afirmava mais ou menos isto: «Não nos equivoquemos, Saramago não quer a Península Ibérica se separe da Europa, aquilo que ele pretende é arrastar, levar a Europa para o sul». (...)
(...) "A Jangada de Pedra" foi, na intenção do autor, uma espécie de proposta para a formação de uma nova área cultural, que não seria já a bacia cultural mediterrânica, porque essa cumpriu o seu papel, mas sim a bacia cultural do Atlântico Sul. A Península Ibérica, entre a América do Sul e a África, tornada ilha, cercada de mar por todos os lados, comunicando com tudo o que está fora dela. É a utopia, justamente o contrário do romance histórico. (...)



Informação via, Wikipédia em http://es.wikipedia.org/wiki/Ernest_Lluch
Ernest Lluch Martín (Vilasar de Mar, Barcelona, 21 de enero de 1937 - Barcelona, 21 de noviembre de 2000) fue un político español del PSC. Ministro de Sanidad y Consumo entre 1982 y 1986, fue asesinado por la banda terrorista ETA cuando contaba 63 años y estaba retirado de la vida política.

Talleyrand na alusão à palavra de sentido ilusório - Conferência "Democracia e Universidade" 2005


"Democracia e Universidade"
José Saramago
Fundação José Saramago e ed.ufpa

Conferência realizada na Universidade Complutense de Madri em 2005




A propósito do valor das palavras e da possibilidade de as mesmas poderem alterar, acrescentando ou diminuindo "peso" à substância do seu significado, Saramago aludia à "voz" politica, 

Referia:
(...) "E pode chegar-se à situação absurda e terrível de que um político, sem alterar a expressão, isto é, com a cara mais dura do mundo - não é piada, trata-se de um político do meu país que teve altíssimas responsabilidades no governo - diga o seguinte: "A política é a arte de não dizer a verdade". Disse-o e não aconteceu nada (...)"

Com este efeito prático, também da verdade ilusória da palavra ou do mimetismo que com a mesma podemos configurar um momento, ou até, uma vida de mentira, surge a menção a Talleyrand.

E prossegue:
(...) "Esta frase aproxima-se de outra de Talleyrand, que dizia que a palavra tinha sido dada ao homem para encobrir o que pensava, afirmação tremenda que, no entanto, atravessou séculos sem muita contestação; pior, com um não dissimulado e cínico aplauso. (...)"




Quem foi Talleyrand, aqui, via Wikipédia
em, http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles-Maurice_de_Talleyrand-Périgord

"Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord, mais conhecido por Talleyrand GCNSC (Paris, 13 de fevereiro de 17541 — Paris, 17 de maio de 1838) foi um político e diplomata francês.
Talleyrand demonstrou admirável capacidade de sobrevivência política ao ocupar altos cargos no governo revolucionário francês, sob Napoleão, durante a restauração da monarquia dos Bourbons e sob o rei Luís Filipe. Embora de ascendência aristocrática, ele não pôde seguir a carreira militar por causa de um defeito físico, e, opcionalmente, foi preparado para a carreira religiosa e, como seminarista, estudou teologia e leu a obra dos filósofos progressistas contemporâneos.
Expulso do seminário (1775) por não seguir a regra do celibato, mesmo assim recebeu as ordens menores e o rei o nomeou abade de Saint-Denis, em Reims (1776). Ordenado (1779), foi nomeado vigário-geral pelo tio Alexandre, arcebispo de Reims e, um ano depois, tornou-se agente geral do clero junto ao governo da França. Defensor dos privilégios eclesiásticos, suas atividades o puseram em contato direto e frequente com os ministros da coroa, o que lhe permitiu adquirir experiência parlamentar e ser consagrado (1788) como bispo de Autun.
Durante o período pré-revolucionário, foi membro do Clube dos Trinta. Apoiou depois a nacionalização dos bens da igreja e conseguiu a adoção da constituição civil do clero que, sem o apoio papal, permitiu a reorganização completa da Igreja francesa ao serviço do Estado.
Excomungado pelo papa e, eleito administrador do departamento de Paris (1791), abandonou a Igreja Católica. Foi enviado pela Assembleia Geral à Grã-Bretanha (1792), para tentar convencer os ingleses a não se aliarem com a Áustria e a Prússia contra a França. O fracasso das negociações e a execução de Luís XVI obrigaram-no a fugir para os Estados Unidos (1794).
Após a queda de Robespierre e o fim do Terror (1796), regressou à França e no ano seguinte tornou-se ministro das Relações Exteriores. Acusado de corrupção (1799), foi demitido, mas após o golpe de estado de Napoleão e o estabelecimento do Consulado, recuperou o cargo.
Com o objetivo da pacificação da Europa, esforçou-se por articular uma política de alianças com as principais potências europeias e promoveu a reconciliação de Napoleão com o resto da Europa. No entanto, por discordar do projeto de conquistas do imperador, demitiu-se (1807). Apoiado pelo o czar Alexandre I da Rússia, organizou oposição a Napoleão e preparou a restauração dos Bourbons.
Com a entrada da liga antinapoleônica em Paris (1814), persuadiu o senado a estabelecer um governo provisório e a declarar Napoleão deposto. O novo governo imediatamente convocou Luís XVIII, que o nomeou ministro das Relações Exteriores. No Congresso de Viena (1814-1815), representou a França e expôs suas habilidades diplomáticas, mas prejudicou a França em termos territoriais, pois aceitou ceder à Prússia a maior parte da margem esquerda do rio Reno.
Após os cem dias napoleônicos, assumiu o cargo de presidente do Conselho de Estado, porém seu passado revolucionário levou-o a ser demitido em setembro do mesmo ano. Aliado aos liberais, participou de forma ativa na ascensão ao trono de Luís Filipe de Orleans (1830). Embaixador em Londres (1830-1834), teve participação fundamental nas negociações entre França e Reino Unido, como na criação do reino da Bélgica e na assinatura da aliança entre França, Reino Unido, Espanha e Portugal - a Quádrupla Aliança (1834).
Acusado em vida de cínico e imoral, alegava servir à França, e não aos regimes políticos. Foi, ao lado de Fouché, uma das figuras mais polêmicas da França."